Exclusivo: Empresa responsável por obras do Estaleiro Paraguaçu abandona projeto

O Consórcio Estaleiro Paraguaçu (CEP), por vezes chamado Estaleiro Enseada do Paraguaçu, abandonou a construção do estaleiro para a fabricação de sondas de exploração do pré-sal, situada em Maragojipe. A empresa será completamente desmobilizada no próximo sábado (28), com a obra com 82% de execução. A notícia circulou antes na região do Recôncavo, segundo fonte que procurou Gente & Mercado, e foi confirmada pela entidade sindical que representa os trabalhadores do empreendimento, conforme antecipado por este site no final da manhã desta terça (24).

Atualmente, segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada e Montagem Industrial (Sintepav-BA), apenas 200 pessoas trabalham no estaleiro. Antes da operação eram 5,2 mil atuando no local e, a partir do dia 28, todos serão demitidos. Apenas a vigilância atuará no canteiro. O declínio do negócio começou com a operação Lava-Jato, que envolve a cliente Petrobrás e três das sócias do empreendimento – Odebrecht, OAS e UTC.

Em email e contato telefônico com Gente & Mercado, a assessoria da Enseada Indústria Naval assegurou que as atividades de fabricação das sondas terão continuidade. Mesmo não concluído, o estaleiro baiano tem condições de começar a operar, segundo a empresa. A EIN, inclusive, vai assumir os 18% da construção do estaleiro “tão logo o cenário de falta de liquidez vivido pela indústria naval brasileira seja superado, a própria Enseada retomará as atividades de finalização dos 18% restantes da obra”, como afirmou, em nota, o diretor de Relações Institucionais de Sustentabilidade da Enseada Indústria Naval, Humberto Rangel.

A construção do estaleiro na cidade do Recôncavo baiano foi iniciada em 2012 – em ato com a presença de grande comitiva política, tendo a frente a presidente Dilma Rousseff – com objetivo de produzir seis sondas para a Sete Brasil, empresa que tem participação da Petrobrás e é responsável pela encomenda das plataformas de exploração do pré-sal. A Sete deve cerca de R$ 2 bilhões aos cinco estaleiros contratados. A japonesa Kawasaki participa ainda do Enseada.

“Na Bahia ainda conseguimos garantir o pagamento dos direitos trabalhistas, inclusive de participação nos lucros atrasadas”, afirmou o vice-presidente do Sintepav-BA, Iraílson Warneaux, conhecido como Gaso. A preocupação do sindicalista é quanto a recolocação destes trabalhadores. De acordo com ele, os trabalhadores que foram treinados, receberam qualificação no exterior (Japão) e agora não têm opções de mercado que aproveitem este preparo. Na avaliação de Gaso, a depender dos desdobramentos da Lava-Jato há perspectivas da reativação do estaleiro e retorno dos empregados desligados apenas para daqui a seis meses.

Goliath – A Enseada Indústria Naval anunciou para março deste ano a finalização do Goliath, “um dos mais importantes equipamentos do Estaleiro, um superguindaste de 150 metros, o que equivale a um prédio de 50 andares, que tem a capacidade de içar blocos e megablocos com até 1.800 toneladas, também seguirá normalmente até a sua conclusão, prevista para o mês de março de 2015″.

Confira nota na íntegra da EIN

Nota ao portal Gente & Mercado Gerência de Comunicação Externa Emissão: 24/02/2015 A Enseada Indústria Naval S.A. informa que o Consórcio Estaleiro Paraguaçu (CEP), seu fornecedor responsável pela construção de um dos mais modernos empreendimentos do país, vai encerrar suas atividades no dia 28/02/2015. Atualmente a obra de implantação do Estaleiro Paraguaçu, na cidade de Maragojipe, encontra-se com 82% de avanço físico e, tão logo o cenário de falta de liquidez vivido pela indústria naval brasileira seja superado, a própria Enseada retomará as atividades de finalização dos 18% restantes da obra. Por sua vez, a montagem do Goliath, um dos mais importantes equipamentos do Estaleiro, um superguindaste de 150 metros, o que equivale a um prédio de 50 andares, que tem a capacidade de içar blocos e megablocos com até 1.800 toneladas, também seguirá normalmente até a sua conclusão, prevista para o mês de março de 2015. Apesar das dificuldades, a empresa acredita na indústria naval brasileira e está trabalhando em busca da superação do atual cenário. A retomada da indústria é resultado de uma política industrial, lançada pelo Governo Federal, que tem gerado importantes indicadores sociais e econômicos para o país. Atenciosamente, Marcelo Gentil Gerente de Comunicação da Enseada.

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