Um dia você será descartado

Tenho alguns jargões, que de certa forma funcionam como um mantra para mim. Um deles, inclusive já mencionei aqui: “eterno na empresa é o dono, até o dia que ele venda, quebre ou feche, “o resto” está de passagem”. “O resto”, não no sentido pejorativo, mas incluindo aqueles que não são os donos, mas os que fazem parte do efetivo da empresa, está de passagem.

Há algum tempo atrás conversei com um profissional com mais de 30 anos de empresa – foi seu primeiro e único emprego. Ele tinha uma linda trajetória na empresa, sempre recebendo projetos desafiadores, apresentava resultados significativos e acima de tudo tinha o reconhecimento de todos. É um Líder. Mas, como em um conto de fadas de uma hora para outra, seu encanto foi desfeito. E de uma hora para outra entenda como um intervalo de quase 48 horas, depois de uma decisão tomada. Errada? Não sei. Qual a certeza que tomamos a decisão certa até termos o resultado que esperávamos? No seu caso o resultado não foi o esperado, e olhe que as condições e elementos internos e externos não dependiam diretamente da sua influência, ou seja, ainda havia o fator sorte (ambiente externo e terceiros sem influência direta).

E nós gestores e líderes somos os tomadores de decisão. Na hora que alguns se calam, os líderes tem que tomar um rumo e decidir. Todos sofrem com as consequências: positivas ou não. Mas, as decisões têm que ser tomadas. E por alguém.

E o que mais me chocou – sim senhores, eu ainda me choco com muitas coisas – foi o completo abandono que este profissional recebeu do seu único e, por parte dele, fiel empregador; foi uma decisão de ser demitido sem ao menos haver uma explicação plausível e justificável para ele. Sua trajetória vitoriosa foi esquecida simplesmente por uma tarde de resultados ruins. Passados ainda alguns dias ele está se recuperando, mas ainda sente essa puxada de tapete. E eu também. E ele não foi o primeiro nem o último a ter este momento. Já conheci vários. E outros ainda virão!

E sem haver nenhum problema quanto a confiança e ética na sua trajetória na empresa, enquanto ele tinha uma das conversas mais sérias e importantes da sua vida, ao mesmo tempo seus acessos à rede, notebook e crachá eram bloqueados; e não ficaram apenas limitados, mas totalmente impossibilitados dentro da Organização e ao final da mesma reunião foi solicitada a devolução do seu smartphone e do carro. Esse cenário e o clima de desconfiança, neste caso injustificável, é pior do que o fato da demissão em si.

Damos uma vida, com sacrifícios pessoais e familiares, para depois de uma decisão, mesmo sendo o protocolo da empresa, ser tratado como um “suspeito” ou “bode expiatório” de algo. E o respeito, e a dignidade perante um profissional que dedicou a sua vida à empresa de outro(s)? Sou um defensor de procedimentos e regras, mas sempre vão existir exceções e casos específicos que não podemos tratar como um padrão. Ainda mais para aqueles que se dedicaram uma vida pela Organização.

Lembrei-me do filme Uma Linda Mulher, clássico e romântico filme, onde Edward (Richard Gere) encontra com Vivian (Julia Roberts) e desse encontro há a mudança na vida dos dois. Um simples programa com uma “garota de programa” acaba em uma relação de amor e respeito. Confesso agora que não lembro se ela recebeu cachê pelo programa. Mas, a metáfora que quero fazer é a de que infelizmente alguns “profissionais” não terão a hombridade suficiente de reconhecer a capacidade e a possibilidade de se apaixonar por uma profissional do sexo. Simplesmente pagarão pelo programa e cada um seguirá a sua vida. No competitivo mundo corporativo em alguns momentos o “romântico” se frustrará. E a sua trajetória profissional não passará de um “programa”.

Hoje no happy hour, mesmo após alguns drinks, pense que para alguém você pode ser uma Vivian, mas que não assumirá a relação e nem a dignificará na mesma proporcionalidade que você. A vida é sua, assuma as suas decisões e defina as suas prioridades.

Um grande abraço, sucesso e nunca desista dos seus sonhos

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