Inadimplência de produtores de soja preocupam credores

Uma avalanche de inadimplências nos fazendeiros no maior estado produtor de grãos do Brasil está criando dores de cabeça para os comerciantes globais, que estão entre seus principais credores e representando desafios para o uso generalizado de escambo no maior exportador de soja do mundo.

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As brigas nos tribunais de falência

As batalhas nos tribunais de falência de Mato Grosso colocam fazendeiros contra as tradings internacionais, como a francesa Louis Dreyfus e a norte-americana Bunge, que têm emprestado agressivamente aos produtores por meio do sistema de permutas brasileiro para proteger as margens de lucro dos novos comerciantes. China.

A escala das falências dos fazendeiros brasileiros está muito longe da situação de seus pares americanos, que recentemente enfrentaram dificuldades climáticas extremas e uma guerra comercial com a China.

Ainda assim, os casos revelam os riscos, no Brasil, de uma gestão agrícola precária, uma economia fraca e um código de falência ambíguo, que causaram problemas para os traders, apesar do boom da soja alimentado pelas tensões comerciais dos EUA e da China.

As empresas de comércio têm sido impedidas de descobrir que os agricultores que emprestam como indivíduos são frequentemente capazes de buscar proteção contra falência como se fossem empresas – o que dificulta a recuperação de milhões de dólares de soja sob contrato.

Judiney de Souza, presidente-executiva da Amaggi, maior trader do Brasil, disse que a recente onda de falências de agricultores em Mato Grosso é “motivo de preocupação”.

“Quando os tribunais concedem proteção contra falência sem observar os requisitos legais, isso coloca nossa análise de crédito em risco”, disse Souza.

A Amaggi disse que lutou para apreender quase 24 mil toneladas de soja de um fazendeiro, Zeca Viana, cujas obrigações para com o comerciante estavam entre 312 milhões de reais (US $ 76 milhões) em dívidas contra as quais ele não pagou este ano.

“Minha principal preocupação é a falta de crédito para financiar a próxima safra”, disse Viana, um ex-parlamentar estadual que culpou seu destino por expansões caras, mau tempo e distrações políticas. Ele agora está lutando para vender seus grãos devido a disputas com grandes empresas comerciais.

O advogado de Viana, Euclides Ribeiro, que representa mais de meia dúzia de grandes agricultores de Mato Grosso que entraram com pedido de falência nos últimos anos, disse que as reivindicações dos comerciantes devem ser ponderadas em relação às de outros credores no tribunal.

A LDC também recorreu aos tribunais para apreender cerca de 12 mil toneladas de soja de Viana, no valor de cerca de US $ 5 milhões, segundo o advogado da LDC Thiago Gerbasi. Ele disse que a empresa pagou pelo feijão de Viana em 2018 por meio de um acordo de troca de fertilizante por grão.

Se os comerciantes continuarem sofrendo com contratos desse tipo, eles alertam que se tornarão mais rigorosos em relação a novos acordos, comprimindo uma fonte importante de crédito para os agricultores do segundo maior produtor de soja do mundo.

 

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